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Corredor do HUOP vira espaço para exposição de arte 

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Detento usa momentos de descanso na Penitenciária para criar suas obras e atende prerrogativas legais 

Asas da Liberdade, esse é o nome da exposição de peças criadas a partir de sucata e restos de materiais de oficina, que desde ontem movimenta um dos principais corredores do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Funcionários do complexo hospitalar, visitantes, acompanhantes e até mesmo pacientes apreciam a mostra de Agenário Bento Cabral, detendo da Penitenciária Industrial de Cascavel PIC) montada num dos corredores do complexo hospitalar, que só foi possível por meio de parceria do Hospital (Diretoria Administrativa), com o Departamento Penitenciário do Estado do Paraná (Depen),  Secretaria de Estado da Segurança Pública, PIC e apoio da Secretaria Municipal de Cultura (Prefeitura de Cascavel. O detento cria suas obras em momentos de descanso dentro da própria penitenciária, num local de segurança destinado a esse fim. 

A estudante e futuro psicólogo Lucas Guerra, 25 anos, passou pelo lugar de sempre de seu estágio e ficou um tempo abstraído em aspectos significativos e subjetivos das obras.  Por estar estudando justamente a arte como forma de libertação, Lucas disse que o desenvolvimento de talentos e habilidades de criação muda, na acepção do próprio detento, o caráter punitivo do tempo de penitenciária, “ assim o lugar passa a cumprir seu papel de ressocialização, recuperação do indivíduo, numa ideia de que o homem pode ser, sim, reintegrado de forma positiva ao meio social” .

No cartaz de apresentação da mostra, afixado junto às peças, Alegário disse que o trabalho no Hospital melhorou sua autoestima e deu uma coragem singular em fazer da arte um motivo para a vida.

A exposição só se tornou possível com a força dos envolvidos, desde o Hospital, que cedeu o espaço, a Secretaria de Cultura, que fez a curadoria do trabalho, ou seja, participou da montagem, supervisão e revisão do catálogo, a PIC e Depen, que fizeram a parceria, autorizaram e atenderam todos os aspectos legais. “A nossa ideia é tornar o corredor do hospital um lugar também de mostras, humanizando o espaço”, explica o diretor administrativo, Rodrigo Suzuki.

Foi do Hospital que veio todo o material necessário para a produção das peças, como ferro, parafuso, porcas, pregos. “As peças e o HUOP tem um significado muito importante para mim”. Afirma ele, que está mostrando peças variadas desde motos até santos. 

A mostra reúne peças diferenciadas desde motos até arte sacra. Metalúrgico há 20 anos, o detento transformou o tempo de privação da liberdade em pura inspiração. As obras são produzidas com restos de ferragens que ele começou a ter acesso com o trabalho no Hospital. O acesso ao material foi supervisionado e entregue dentro das prerrogativas legais e de segurança.

O detendo afirma que a arte deu um novo sentido à sua existência. A exposição pode ser vista nos próximos 40 dias.

Prerrogativas legais

O detento atende prerrogativas legais, já que no artigo 83 da Lei de Execuçôes Penais (LEP) toda unidade deve ter “áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva”, de acordo com a natureza de cada uma. Além disso a lei 7.210/84, diz que a execução penal deve proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e o Conselho Nacional de Justiça apregoa que os apenados tenham assegurados os direitos ao trabalho, educação e qualificação profissional.  No convênio com a PIC, 12 detentos trabalham na manutenção do complexo hospitalar. O Hospital é responsável pelo transporte do grupo. 

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Corredor do Hospital vira cenário para exposição de arte

Foto e texto: Mara Vitorino.

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