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A Importância da Cotutela no Contexto da Pós-Graduação da Unioeste

No contexto contemporâneo, o conceito de cotutela tem emergido como um recurso importante para a internacionalização e para a melhoria da qualidade dos programas de pós-graduação. A cotutela é definida como um acordo de cooperação entre duas instituições de ensino superior, geralmente situadas em países distintos, que permite ao estudante regularmente matriculado em um Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu realizar seu mestrado ou doutorado de forma compartilhada. Na prática, o discente divide seu tempo de estudo entre as duas instituições, realizando sua pesquisa sob a supervisão de orientadores de ambas as universidades e, ao final, obtendo diplomas de cada uma delas. Esses diplomas podem, inclusive, ter títulos diferentes, assunto que será abordado posteriormente.

Para o estudante, a cotutela proporciona uma valiosa experiência internacional, permitindo o contato com diferentes culturas e a ampliação da rede de contatos (network), o aluno é exposto a métodos e abordagens de pesquisa variados, o que enriquece a qualidade do seu trabalho. Outrossim, a obtenção simultânea de dois diplomas pode aumentar sua visibilidade no meio acadêmico e abrir novas oportunidades para sua carreira.

Os programas de pós-graduação também se beneficiam com a cotutela. A internacionalização é um critério importante para a avaliação dos programas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Esse aspecto de internacionalização considera quatro tópicos principais: atividades de pesquisa, produção intelectual, condições interinstitucionais e mobilidade de estudantes, tanto para aqueles que saem (outgoin) quanto para os que ingressam (incoming). A cotutela é vista como um diferencial significativo, contribuindo para a melhoria dos índices de qualidade dos programas ao demonstrar comprometimento com a internacionalização, promover pesquisas em colaboração com instituições internacionais e elevar o perfil acadêmico dos programas, ampliando sua visibilidade e impacto global.

Assim, a cotutela não apenas enriquece a trajetória acadêmica dos estudantes, mas também fortalece a posição das instituições de ensino superior em avaliações e rankings internacionais.

Na Unioeste, o procedimento para a celebração de um acordo de cotutela é conduzido pela Assessoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais (ARI). O interessado deve inicialmente contatar a instituição estrangeira desejada para definir os termos do acordo em colaboração com a referida instituição e seus orientadores. É necessário elaborar uma proposta de cláusulas para o acordo de cotutela, que pode seguir o modelo da Unioeste ou da instituição estrangeira, além de redigir um plano de trabalho e outros documentos pertinentes.

O orientador da Unioeste deve submeter esses documentos, acompanhados de um memorando, através do sistema de e-protocolo, para que a ARI possa revisar e realizar as alterações necessárias para cumprir com a legislação brasileira. A ARI também solicitará à instituição estrangeira o envio de documentos adicionais que considerar necessários para dar seguimento ao processo. A ARI é responsável apenas pela tradução do acordo de

cotutela para o inglês ou o espanhol; caso o acordo seja redigido em outro idioma, o interessado deve providenciar a tradução.

O acordo de cotutela é um documento detalhado e abrangente que requer o envolvimento ativo do interessado. Embora a ARI forneça todo o suporte necessário, é crucial que os interessados colaborarem ao longo do processo. O tempo de tramitação pode variar conforme as respostas das instituições envolvidas. Como a cotutela, assim como toda atividade de internacionalização, depende de reciprocidade, é fundamental que o interessado verifique previamente o interesse da instituição estrangeira em estabelecer o acordo, conforme as orientações da ARI.

Neste ano, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) comemora 30 anos de existência. A trajetória da instituição em cotutelas começou em 2014, quando uma aluna do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (PGDRA) desenvolveu sua pesquisa em parceria com a Università Politecnica Delle Marche, na Itália. Em 2017, o Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Cultura e Fronteiras (PPGSCF) estabeleceu uma cotutela com a Università Degli Studi di Roma Tor Vergata, também na Itália. Em 2018, o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola (PGEAGRI) formalizou uma parceria com a Universidade da Coruña, na Espanha. Ainda em 2018, o PGDRA firmou um acordo com a Universidad de La Rioja, e o Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) assinou um acordo de cotutela com a Universidad de Vigo, ambas na Espanha.

Em 2024, houve um aumento significativo nos acordos de cotutela, totalizando seis até agosto. O primeiro acordo do ano foi estabelecido pelo PGDRA, novamente com a Università Politecnica Delle Marche. Em seguida, o mesmo Programa celebrou um novo acordo com a Universidad de Granada, na Espanha. Posteriormente, o PPGL formalizou três cotutelas com a Universidad de Vigo, também na Espanha, e a mais recente foi realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), com a Universidade Aberta de Portugal.

Para ilustrar a diferença nos títulos conferidos através da cotutela, citamos dois exemplos de nossas alunas. A primeira, oriunda do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (PGDRA) da Unioeste, que receberá o título de Doutora em Desenvolvimento Regional e Agronegócio pela Unioeste e o título de Doutora em Ciências Agrárias pela universidade italiana. A segunda aluna, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), obterá o título de Doutora em Educação pela Unioeste e de Doutora em Estudos Globais pela instituição portuguesa.

De acordo com Gabriela Daiana Christ, aluna do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (PGDRA), “a cotutela é a coroação da internacionalização. Duas partes de cultura, geografia, política e histórias diferentes se juntam com um mesmo objetivo: o desenvolvimento da ciência. Aqui na Itália, encontrei pessoas fantásticas que me acolheram e percebi que também posso contribuir de igual para a pesquisa. Isso revela a qualidade do ensino superior da Unioeste. Porém, nem tudo são flores neste processo. A distância da família e dos amigos, a burocracia (antes, durante e depois), as renúncias de projetos no Brasil, a comida que faz falta e as diferenças culturais são os ônus.”

Para Paola Stefanutti, egressa do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Cultura e Fronteiras (PPGSCF) e atual docente de gastronomia do Instituto Federal do

Paraná, “ter vivenciado o doutorado em cotutela foi um marco na minha vida acadêmica, pessoal e profissional. Além das aulas e do desenvolvimento do projeto de pesquisa, participei de muitos eventos e os debates foram enriquecedores. Inclusive, muitos deles ocorreram fora dos muros da universidade, como em mercados, feiras, propriedades rurais e restaurantes. As visitas a vinícolas, produtores agroalimentares e festas dedicadas à comida também fizeram parte deste período. Discutir sobre comida e suas relações simbólicas, sociais, culturais e territoriais entre ingredientes, temperos, aromas e sabores com agricultores familiares, orgânicos, acadêmicos e clientes é uma experiência a ser replicada!”

Ainda conforme Sandra Mara Pereira D’Arisbo, também do PGDRA, “para concretizar a Cotutela Acadêmica, foram necessários vários e-mails e mensagens a diversas universidades e professores (alguns com respostas desanimadoras), até conseguir uma resposta positiva. Na sequência, foram necessários mais alguns meses de contatos, com a solicitação e envio de documentos, ajustes nos termos do acordo de cotutela (atendendo às exigências de ambas universidades e tutores), e cumprir as exigências burocráticas das universidades e dos países. Pois, devido ao período mais longo (06 meses), são necessários documentos adicionais para a estadia no exterior. Considero que todas as experiências foram importantes para meu desenvolvimento, tanto pessoal quanto profissional, pois o contato com reconhecidos pesquisadores (não apenas da Espanha), a troca de informações e de conhecimento, o contato com maneiras diferentes de ensino e de avaliação, e o acesso a referenciais bibliográficos e fontes de dados evidenciam a importância desta internacionalização para o avanço e reconhecimento da pesquisa brasileira, em especial da Unioeste. Recomendo a todos os estudantes de doutorado que realizem alguma internacionalização durante seu período de estudos, seja uma Cotutela, um Sanduíche ou ainda um Intercâmbio, pois a experiência e o aprendizado são imensuráveis.”

Para Cristian Javier Lopez, egresso do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL), “a modalidade de cotutela de tese efetivada entre a Universidade de Vigo e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná proporcionou-me uma experiência de aprendizado ímpar como profissional da área de Letras. Além das contribuições acadêmicas para minha formação doutoral em dois Programas de Pós-Graduação, tive a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento do processo de implementação dessa modalidade que, na época, era a primeira cotutela da área de Letras da Unioeste. Os intercâmbios culturais, acadêmicos e interinstitucionais possibilitados por tal modalidade de mobilidade discente são fundamentais para o crescimento profissional e para a expansão das relações internacionais universitárias.”

Conforme o Assessor Chefe de Relações Internacionais e Interinstitucionais, Rafael Mattiello, “em um mundo cada vez mais globalizado, a cotutela se destaca como um instrumento vital para o avanço da pesquisa acadêmica e para a formação de profissionais altamente qualificados e preparados para enfrentar os desafios do futuro”.

E segundo a Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Sanimar Busse, “a cotutela é um recurso essencial para a internacionalização e a excelência acadêmica de nossos programas de pós-graduação. Este mecanismo permite que nossos alunos conduzam pesquisas em colaboração com instituições internacionais, ampliando seus horizontes, melhorando a qualidade acadêmica e elevando o reconhecimento internacional de nossos programas”.

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